sexta-feira, 18 de março de 2011

EU, POESIA

Nasci poesia,
numa tarde sem lua.
nem sei se merecia;
me criei na rua
(des)encantada,
tem um jardim de acácias.
abençoado por pássaros,
jurado de versos;
me fiz canto,
brinquei com rimas,
remei em lagos azuis,
rumei para o sul,
entorpecido, distraído,
lidei com sonetos,
trovas, acrósticos.
redondilhas, duetos.
tanto disse de amor,
amor me transformei.
nas noites de brilho,
declamei estribilhos,
fui poeta, mutante, rei.
mas que ironia...
por overdose,
ou virose
morri poesia!...

[gustavo drummond]

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